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Pior recessão da história está perto do fim, dizem especialistas


O PIB encolheu 3,6% em 2016 e deixou o Brasil isolado na lanterna em um ranking de 38 países - o único com números negativos. Para especialistas, contudo, a sequência de oito trimestres com retração acabará no primeiro semestre

Os números confirmam o que os brasileiros sentem no bolso há dois anos: o país vive a pior recessão de sua história. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 3,6%, com queda generalizada em todos os setores da economia, levando o país ao mesmo nível de 2010, apontam dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tombo é ligeiramente menor do que a retração de 3,8% de 2015, mas coloca o país numa crise sem precedentes. É a primeira vez que o Brasil tem dois anos consecutivos de contração no PIB desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Antes, isso só havia ocorrido em 1930 e 1931, quando os recuos foram de 2,1% e 3,3%, respectivamente.

A expectativa para este ano, no entanto, é positiva. Os especialistas acreditam que alguns setores podem registrar números positivos já nos primeiros três meses do ano. Para os analistas, a sequência de trimestres em retração, que configura uma recessão econômica, deve acabar no primeiro semestre. “O fundo do poço passou”, afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que estima alta de 0,3% em 2017. “O resultado do PIB de 2016 não surpreendeu, mas reflete o passado. A retomada para 2017 já foi contratada. A safra recorde e a capacidade industrial ociosa vão sustentar o crescimento”, estimou.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou o tombo da economia brasileira atribuindo-o à perda do grau de confiança. “Não há dúvida de que é a maior crise desde que o PIB começou a ser medido. Isso foi construído ao longo de vários anos”, disse. Segundo ele, o governo prevê crescimento de 2,4% da economia no quarto trimestre de 2017 na comparação com igual período de 2016 e, na relação com o trimestre anterior, projeta expansão de 3,2%.

Enquanto os dados de 2017 são meras expectativas, a realidade é que o desempenho do quarto trimestre do ano passado, com queda de 0,9%, foi maior do que a estimativa do mercado, que apostava na mediana em -0,6%. O recuo no ano, no entanto, não surpreendeu. Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais do IBGE, destacou que, em 2016, a queda foi generalizada. Houve retração em todas as atividades econômicas e também, pela ótica das despesas, no consumo das famílias e do governo e nos investimentos. “Quando há instabilidade econômica, os serviços sofrem uma desaceleração. Agora, durante dois anos seguidos, os serviços registrarem retração. É primeira vez na história”, ressaltou. O setor, que tem peso de 70% na economia brasileira, recuou 2,7% em 2015 e também no ano passado.

A indústria, que vem em queda há mais tempo, teve um recuo menor em 2016, de 3,8%. E a agropecuária, que teve uma quebra de safra e despencou 6,6% no ano passado. “Tivemos uma única contribuição ao crescimento do setor externo, com alta de 1,9% nas exportações em 2016. Mas, no quarto trimestre em relação ao anterior, isso foi revertido e houve queda de 1,8% em função da valorização do real ante o dólar nos últimos meses do ano”, explicou Rebeca. O PIB, em 2016, totalizou R$ 6,26 trilhões.

A fraqueza da atividade econômica, por um tempo recorde, deixou o Brasil isolado na lanterna de um ranking de 38 nações, elaborado pela Austin Rating. O país é o único com números negativos em 2016, atrás, até mesmo, da Grécia, que passou por uma recessão de quase uma década, mas fechou o ano passado com crescimento de 0,3%. O economista-chefe da agência de classificação de risco, Alex Agostini, explicou que a economia brasileira é muito mais diversificada e com poder de resiliência muito maior do que a da Grécia. “Lá, houve um ajuste fiscal muito severo, com mudanças significativas na aposentadoria. Muito parecido com o que o Brasil precisa. Ou seja, se o país quiser se recuperar, mesmo que com um pouco de dor, vai ter que ser por meio de política fiscal austera e da reforma da Previdência”, avaliou.

Desemprego

Para Agostini, o consumo das famílias, que representa dois terços do PIB pela ótica da despesa, não deve apresentar recuperação tão cedo. “Com 12,9 milhões de desempregados, fica difícil vislumbrar uma retomada no curto prazo. O emprego deve voltar só no segundo semestre. Projetamos taxa de crescimento na comparação com igual período do ano anterior apenas no terceiro trimestre. Na margem (ante o período imediatamente anterior), é possível que o primeiro trimestre tenha algum número positivo”, analisou. O especialista lembrou que a queda da taxa de juros e a liberação do dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) podem colaborar para a retomada.

No entender do economista da Órama, Alexandre Espírito Santo, professor do Ibmec-RJ, se o país fizer a lição de casa, com ajuste e reformas, o Banco Central terá espaço para cortar ainda mais os juros. “Assim, para 2017, nossa projeção é de PIB crescendo entre 0,8% e 1%”, afirma o economista. Fernando de Holanda Barbosa, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV/EPGE), destacou que espera recuperação da economia em seis meses. “A mudança da política monetária demora para surtir efeito, mas a redução na Selic começou no ano passado. Daqui para frente, será possível acelerar o corte na taxa”, assinalou. Barbosa aposta em estabilidade no primeiro trimestre. “A partir do segundo semestre, teremos números positivos. A previsão para 2017 é de 0,5%, mas pode haver surpresas. Se nada afetar a aprovação das reformas, a retomada será mais rápida e o crescimento, maior”, projetou.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ressaltou que, para a economia crescer 1% neste ano, terá que crescer 2% no primeiro trimestre, porque o carrego estatístico (herança) da queda de 3,6% do PIB ficará em torno de 1%. “O mais importante para que a economia volte a crescer é destravar o crédito”, disse.

Colaborou Rosana Hessel

http://www.correiobraziliense.com.br


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