“Não tem dor maior do que perder um filho”, afirma pai de médico
- jornal 100 limite
- 9 de abr. de 2018
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Amigos e parentes prestaram, na manhã desta segunda-feira (09), as últimas homenagens ao médico Luiz Carlos Alvarenga Júnior, de 39 anos. Ele morreu no último sábado (7), após um acidente envolvendo seu jet ski e uma lancha, no Lago do Manso.
“É muito difícil um pai falar qualquer coisa nessa hora. O que posso dizer é: perder um pai e uma mãe é difícil, mas perder um filho... Não tem dor maior na vida”, disse Luiz Carlos Alvarenga, pai do médico, ao MidiaNews.
Luiz Carlos Júnior atuava como cirurgião geral e gastroenterologista em hospitais de Cuiabá. O saguão da funerária foi lotado com coroas de flores enviados por amigos, famliares e clínicas em que o médico trabalhava.
Ele era um homem honesto, bom, trabalhador, marido exemplar. Às vezes, ele até brigava comigo por eu ser tão estressada
O caminho entre a entrada e a sala onde estava sendo velado o corpo foi preenchido pelas coroas em homenagens a ele e condolências à sua família.
A esposa do médico, Gisele Zulli Alvarenga, conta que o esposo era uma pessoa paciente e muito bondosa. “Ele era um homem honesto, bom, trabalhador, marido exemplar. Às vezes, ele até brigava comigo por eu ser tão estressada. Ele era calmo, um cara da paz.”, afirmou.
Questionada sobre a causa do acidente, ela apenas disse: "Foi uma fatalidade".
Luiz Carlos Junior e Gisele estavam juntos há 16 anos e não tinham filhos. No velório, Gisele levou o cachorrinho que o casal resgatou da rua há seis anos. “Agora, sou eu e ele”, disse.
Amigo do médico, o advogado Elias Valin afirmou que se trata de uma perda irreperável. "O Luiz era amigo de todo mundo, um cara sempre sorridente e prestativo, alguém que não media esforços para ajudar o próximo. Se ele via que o paciente não tinha condições de pagar pela consulta, ou que aquele dinheiro faria falta para a pessoa, ele não cobrava", disse.
"Se nós, amigos, ligássemos para ele à 1h da manhã, reclamando de dores, ele nos atendia. Era alguém singular", completou.
“Ele salvou minha vida”
Ele salvou minha vida. Ele me operou, e eu fiquei um mês internado. Ele me visitava todos os dias. Olhava para mim com brilhos nos olhos, e passava um carinho paternal
O servidor público Marcelo Dantas, de 27 anos, era paciente do médico desde 2013, quando teve uma crise em decorrência da síndrome megacólon congênito - doença que afeta o intestino grosso.
“Ele salvou minha vida. Me operou e eu fiquei um mês internado. Ele me visitava todos os dias. Olhava para mim com brilhos nos olhos, e passava um carinho paternal. Nunca recebi um cuidado de um médico assim na minha vida”, disse.
“Mesmo com a rotina cansativa, ele me visitava. Eu me recuperei perfeitamente. Ele era muito preciso nos diagnósticos que fazia. Foi por pouco que alguma coisa pior não aconteceu comigo”, contou.
O servidor relatou ainda que desde então era acompanhado por Luiz Carlos Junior, que acabou se tornando o médico da família.
“Recentemente, ele operou meu avó. A gente confiava 100% nele. Ele era muito estudioso, o que ele recomendava estava certo”.
Amigos e empresas também se solidarizaram e manifestaram suas últimas homenagens por meio das redes sociais.
Na página do pai do médico, uma das amigas, Telma Preza, prestou condolências à família.
"Caro amigo, Luiz! Nos solidarizamos com a sua dor e sentimos muito a sua perda. Deus em sua infinita bondade dê forças para atravessar este momento", diz postagem.
Uma amiga de infância, Patrícia Marques, conta da importância do amigo de escola.
"A notícia da partida do seu filho me fez lembrar de você na mesma hora. Ele foi meu colega de classe, aliás muito querido. Estou imensamente entristecida pelo ocorrido e presto aqui minha solidariedade a você. Conte com meu acolhimento. Vocês estão em minhas orações", diz.
Acidente
O médico morreu na tarde de sábado depois de seu jet ski ser atingido por uma lancha no Lago de Manso, em Chapada dos Guimarães.
A vítima estava pilotando uma moto aquática, com um amigo na garupa. Ele estava entre duas lanchas, quando voltavam da Ilha Bora Bora, seguindo para a Marina do Jair.
Após o acidente, amigos do médico iniciaram as buscas e encontraram o corpo já sem vida por volta de 1h da madrugada deste domingo (08).
A Polícia Civil deve instaurar um inquérito para investigar a causa da morte. Para que isso aconteça, a corporação aguarda o laudo de necropsia, que deve sair nos próximos dias.
Alair Ribeiro/MídiaNews